Conitec avalia ampliação de uso da claritromicina para pacientes com hanseníase resistente
Medicamento poderá ser mais uma opção para quem não tem obtido resultados positivos com esquemas terapêuticos já disponíveis no SUS. O prazo para o envio de contribuições dessa consulta pública foi prorrogado para até o dia 30 de novembro
Está disponível a consulta pública sobre a proposta de ampliação de uso da claritromicina para o tratamento de pacientes com hanseníase que apresentam resistência aos demais medicamentos disponíveis no SUS. A demanda é da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (MS), que destacou a importância de haver no sistema público opções substitutivas para esses pacientes que não alcançam o resultado esperado com os esquemas terapêuticos já existentes. A recomendação inicial da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único em Saúde (Conitec) é favorável à incorporação do medicamento. O tema está disponível para receber as contribuições da sociedade até o dia 30 de novembro.
Para participar, com experiências ou opiniões, acesse aqui; com contribuições técnico-científicas, acesse aqui.
A doença
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Acomete, em especial, pele e nervos periféricos, podendo levar a graves incapacidades físicas. A transmissão ocorre principalmente pelas vias aéreas superiores, por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível com uma pessoa doente.
A doença se manifesta pela diminuição ou perda da sensibilidade, o que faz com que as pessoas infectadas tenham diminuição ou perda da sensação tátil, de calor ou mesmo dor nas partes afetadas. A condição provoca manchas na pele, placas ou caroços em qualquer parte do corpo e a diminuição da força muscular das mãos, pés e face.
Tratamento no SUS
O tratamento medicamentoso ofertado pelo SUS combina habitualmente três medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina. O acompanhamento com esse esquema terapêutico pode durar até 24 meses. Em casos de resistência à rifampicina, o MS recomenda a troca por minociclina ou ofloxacino. Para casos que, ainda assim, há resistência ao tratamento, não há opção terapêutica disponível, por isso a avaliação da inclusão da claritromicina.
Após as primeiras doses dessas medicações, o indivíduo já não transmite mais a doença, porém, é necessário concluir o tratamento para que se alcance a cura e sejam evitadas reincidências e novas contaminações.
Tecnologia em avaliação
Apesar das evidências científicas sobre os efeitos da claritromicina para hanseníase serem escassos, a Conitec recomendou inicialmente a incorporação da tecnologia, condicionada a apresentação de dados de vida real - referentes ao uso, na prática, do medicamento. O Plenário considerou que a incorporação do medicamento trará mais uma opção aos pacientes com registro de resistência aos medicamentos já encontrados na rede pública de saúde.
Além disso, o uso da claritromicina é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o tratamento da hanseníase resistente à rifampicina, com ou sem resistência associada ao ofloxacino.
Leia aqui o relatório técnico.