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Conitec avalia rastreamento para hepatite C em gestantes durante o pré-natal

  • Publicado: Terça, 16 de Junho de 2020, 11h39
  • Última atualização em Quarta, 05 de Agosto de 2020, 18h24
  • Acessos: 1778

Há evidências de que mulheres grávidas diagnosticadas com a doença estão sob maior risco de piores desfechos maternos e neonatais. Consulta pública sobre o tema recebe contribuições até 6 de julho

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) avalia a possibilidade de ampliação do diagnóstico para hepatite C (HCV) em gestantes no pré-natal para torná-lo universal no SUS. Há evidências de que mulheres grávidas diagnosticadas com a doença estão sob maior risco de piores desfechos maternos e neonatais, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, hemorragia e parto prematuro.

Após estudos iniciais feitos pela Conitec, com o objetivo de avaliar a eficácia, segurança, custo-efetividade e impacto orçamentário da medida, o tema segue para consulta pública. 

Para participar com experiências ou opiniões, acesse aqui; com contribuições técnico-científicas, acesse aqui.

As contribuições irão colaborar para subsidiar a decisão de incorporação dessa conduta ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento de hepatite C e coinfecções do Ministério da Saúde (MS).

A proposta de rastreamento durante o pré-natal, no primeiro trimestre de gravidez, busca intensificar ações para ampliação da testagem, oferta de tratamento e prevenção da transmissão vertical de hepatite C, quando mães infectadas transmitem para os filhos, na perspectiva da eliminação da doença como problema de saúde pública.

A demanda partiu do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS. Dados do boletim epidemiológico atualizado no ano passado pelo departamento indicam que, de 1999 a 2018, foram notificados no Brasil 359.673 casos de hepatite C.

Saiba mais

O rastreamento pode ser definido como a aplicação de testes diagnósticos ou procedimentos a pessoas assintomáticas com o objetivo de dividi-las em dois grupos: aquelas que têm doenças ou condições clínicas para as quais o tratamento precoce traria benefício e aquelas que não as têm.

Esses exames diagnósticos serão realizados principalmente no nível primário de atenção à saúde na primeira consulta de pré-natal, em conjunto com os testes já recomendados para HIV, sífilis e hepatite B (HBV). As gestantes infectadas serão encaminhadas para os serviços de saúde adequados de acordo com o quadro clínico para acompanhamento, realização de exames complementares e tratamento após o parto.

Os recém-nascidos serão testados em momento oportuno e acompanhados para a realização dos procedimentos em saúde necessários. A estratégia de rastreamento foi pactuada no Plano Nacional de Eliminação da Hepatite C, no qual se identificam as crianças nascidas de gestantes infectadas por HCV como grupo prioritário.

O vírus da hepatite C 

A infecção pelo vírus da hepatite C ocorre através do contato com sangue infectado como em uma transfusão de sangue, no compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam), na realização de tatuagem e colocação de piercings. Também pode ocorrer por via sexual, quando não há uso do preservativo durante relação com uma pessoa infectada. A mulher ainda pode transmitir a doença para o filho durante a gravidez.

Na maioria dos casos os pacientes não têm sintomas, o que dificulta o diagnóstico. Na ausência de tratamento há chance de que 60% a 85% dos casos se agravem. Cerca de 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Uma vez estabelecido o diagnóstico de cirrose hepática, o risco anual para o surgimento de câncer no fígado é de 1% a 5%.

Os óbitos por hepatite C são a principal causa de morte entre as hepatites virais. O número de óbitos devidos a essa infecção vem aumentando ao longo dos anos em todas as regiões do Brasil. De 2000 a 2017, foram identificados 53.715 óbitos associados à doença.

Gestantes

Estima-se que a prevalência de hepatite C entre gestantes no Brasil varie entre 0,2 e 1,4%. No entanto, a partir de 2014 a taxa de detecção da doença entre mulheres em idade fértil dobrou no país, após a incorporação pelo SUS de antivirais de ação direta com alta efetividade e segurança.

O risco de transmissão vertical é variável e depende de fatores como o correto planejamento de procedimentos obstétricos, de coinfecção por HIV, entre outros.

O que há hoje

Atualmente, a conduta para a detecção de hepatite C em gestantes depende da pesquisa de fatores de risco pré-existentes como: infecção pelo HIV, histórico de uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes de 1993, mulheres submetidas a hemodiálise, aquelas com elevação de enzimas (aminotransferases) sem outra causa clínica evidente e profissionais de saúde com história de acidente com material biológico.

A utilização de medicamentos para o tratamento da doença aguda e crônica não está indicada na gravidez uma vez que não há dados que comprovem segurança na gestação.

Avaliação inicial

Há evidência de que o rastreamento está associado a um maior rendimento diagnóstico e sensibilidade do que a abordagem de testagem por risco. Na perspectiva do Sistema Único de Saúde a estratégia se demonstrou mais efetiva que a detecção baseada em risco com um acréscimo de R$ 288 por gestante testada. A adoção do rastreamento estaria associada a um incremento de R$ 49 milhões por ano no orçamento do Ministério da Saúde, principalmente em função do alto custo dos tratamentos.

Para saber mais, acesse o relatório técnico sobre o tema.

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