Medicamento incorporado ao SUS é mais uma opção de tratamento para pacientes adultos com hepatite B
O tenofovir alafenamida (TAF) é um antiviral que atua controlando a infecção provocada pelo vírus causador da hepatite B, ao impedir que este se multiplique no organismo
Após recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), o tenofovir alafenamida (TAF) foi incorporado ao SUS para tratamento de adultos com infecção pelo vírus da hepatite B, sem cirrose ou com cirrose compensada, conforme protocolo do Ministério da Saúde. A hepatite B é uma infecção hepática, ou seja, que ocorre no fígado. É causada por um vírus (HBV) e sua transmissão ocorre por meio do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada, como sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno. A partir de evidências analisadas, o Plenário considerou que o medicamento apresenta baixo impacto orçamentário e é conveniente para pacientes com resistência a demais medicações já incorporadas ao SUS.
O TAF é um medicamento antiviral, de uso oral, que atua controlando a infecção provocada pelo HBV, ao impedir que este se multiplique. É uma nova versão do tenofovir, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para o tratamento da hepatite B crônica em adultos com doença hepática controlada.
A escolha do medicamento a ser utilizado leva em conta fatores como o uso prévio de antivirais (medicações que impedem a multiplicação dos vírus), o desenvolvimento de resistência (quando o agente causador da doença passa a resistir aos efeitos do remédio que antes servia para o tratamento), o funcionamento dos rins, a existência de cirrose e de coinfecções, entre outros aspectos.
A cirrose hepática é uma inflamação crônica do fígado, que vai se cobrindo de nódulos e cicatrizes, num lento processo de destruição que dificulta progressivamente o trabalho do órgão, trazendo muitas complicações para a saúde.
Por tudo isso, a hepatite B é uma preocupação mundial, uma pandemia que acomete entre 250 a 300 milhões de pessoas em todo mundo, provocando a morte de mais de 600 mil todos os anos. Em relação ao Brasil, o Ministério da Saúde estimou, em 2017, que cerca de 0,52% da população viva com infecção crônica pelo HBV, o que corresponde a aproximadamente 1,1 milhão de pessoas. Os homens são os mais atingidos. Alguns grupos são considerados mais vulneráveis à infecção, como pessoas que usam drogas, trabalhadores sexuais, pessoas privadas de liberdade e em situação de rua. A prevenção é muito importante. Recomenda-se o uso de preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhar instrumentos perfuro cortantes ou objetos de higiene pessoal, como alicates de unha, lâminas de barbear, seringas ou escovas de dentes, por exemplo, assim como o cuidado com a esterilização adequada de equipamentos médicos, odontológicos e de tatuagem.
Saiba mais
Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a hepatite B e coinfecções, em indivíduos adultos expostos exclusivamente ao HBV, a cura espontânea ocorre em cerca de 90% dos casos. Quando isso não ocorre, no entanto, como a doença costuma evoluir de forma silenciosa, sem sintomas aparentes, isso pode levar a um quadro crônico, situação em que a infecção permanece ativa e pode favorecer o aparecimento de cirrose ou outras complicações hepáticas, como o câncer do fígado. Uma média de 5% a 10% dos indivíduos infectados torna-se doentes crônicos. Desses, cerca de 20% a 25%, que apresentam replicação (multiplicação) do vírus, evoluem para a doença hepática avançada.
No SUS
Até o momento, as alternativas terapêuticas preconizadas no PCDT de Hepatite B e Coinfecções são as seguintes: alfapeginterferona (α pegINF), tenofovir (fumarato de te-nofovir desoproxila - TDF) e entecavir (ETV). A lamivudina foi muito utilizada entre 2002 e 2010, persistindo seu uso até 2017, mas hoje tem indicação muito restrita em razão do elevado risco de resistência. A alfapeginterferona, em virtude da complexidade de administração, bem como os efeitos adversos, também teve seu uso limitado a condições específicas. Como dificilmente se obtém uma cura para a hepatite B, a medicação, geralmente, deve ser usada por toda a vida e o paciente precisa ser monitorado, para controle dos efeitos adversos que podem surgir a longo prazo. Nesse sentido, pode ocorrer, por exemplo, a toxicidade renal e óssea em pacientes que fazem uso crônico de TDF e resistência ao entecavir, sobretudo em pacientes que fizeram uso prévio de lamivudina.
O SUS também disponibiliza testes rápidos para detecção da infecção e vacinação contra a hepatite B.